sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O QUE PINTA DE NOVO NO ROQUE


Desta vez, não adianta a fogosa viúva Porcina estrilhar, bater o pé ou jogar a cabeça para trás. O coração do galã que Santeiro não bate mais só por ela. Desde segunda-feira passada, quando Aguinaldo Silva escreveu o capítulo 105 da novela. de maior sucesso da televisão brasileira, Roque divide sua taquicardia entre a exuberante Porcina e a recatada Mocinha.

É a virada natural que qualquer telenovela de longo alcance - e a saga de Roque Santeiro só terminará no dia 16 de janeiro do ano que vem, depois de serem exibidos seus 180 capítulos - precisa para manter por tanto tempo a atenção do espectador. A maioria das tramas se completa e começam subenredos novos, como se fosse outra novela. Roque Santeiro não escapou desta estratégia. Em torno do capítulo 100 - até agora já foram levados ao ar 70 capítulos -, uma antiga empregada de Sinhozinho Malta (Lima Duarte) volta à Asa Branca e comprova o envolvimento do fazendeiro na morte da primeira esposa. É assim .que a sogra do vilão, Marcelina (Wanda Kosmos), incita sua neta Tânia (Lídia Brondi) contra Sinhozinho. Para não piorar seu relacionamento com a filha, Sinhozinho rompe de vez seu longo noivado com Porcina (Regina Duarte). Começa, então, uma luta para ver quem tem mais poder na cidade, Sinhozinho Malta ou Porcina. É a chance também de a extravagante personagem investir de vez em seu romance com Roque Santeiro (José Wilker). Só que a esta altura, ela já enfrentará a forte concorrência de Mocinha (Lucinha Lins). Depois de ver o herói várias vezes, acreditando que são apenas visões, Mocinha, enfim, encosta no galã e descobre que ele não morreu. É o suficiente para abandonar seus jeitos de boa moça e trocar o recato pela sensualidade.

"Mocinha virou um mulherão tão grande que ficou assustadora. Até eu estou com medo", revela Aguinaldo Silva que, com o auxílio de Joaquim Assis, Lilian Garcia e Marcílio Moraes, escreve as aventuras do personagem iniciadas por Dias Gomes. De certa forma, a equipe de redatores está atendendo o desejo dos espectadores da novela. A Rede Globo sempre realiza pesquisas de opinião pública após os capítulos 15, 30 e 45 de cada novela. É a ocasião em que a emissora acredita que ainda há tempo para mudanças de curso na história. Depois disso, se a novela não "pegar", não tem mais solução. Em Roque Santeiro, as pesquisas demonstraram que o público torce por Mocinha e quer vê-la mais desreprimida.

"Roque fica dividido entre as duas mulheres porque Mocinha nutre por ele um amor neurótico", adianta Aguinaldo. "Dezessete anos sem namorar deixaram nela sequelas que não existem em Porcina". O amor de Roque e Mocinha - em sua versão sexualizada - provocará ciúmes em Porcina e dúvidas em Roque. Fica provado, mais uma vez, que nenhuma novela sobrevive sem um empolgante triângulo amoroso.

Outro triângulo, aliás, abalará os alicerces da casa do prefeito de Asa Branca. A vedete Amparito Hernandez (Nélia Paula) vai descobrir que o prefeito Flô (Ary Fontoura) foi o seu primeiro amor. O caso terminou com a fuga de Flô e uma péssima reputação para Amparito. Ela, agora, resolve se vingar. "Vai matar o prefeito do coração", diverte-se Aguinaldo.

As pesquisas da Globo mostram ainda que o personagem do Padre Hipólito (Paulo Gracindo) não agrada ao público. "Ele está muito em cima do muro para cair no gosto popular", analisa Aguinaldo. Os espectadores torcem mesmo pelo moderno Padre Albano (Cláudio Cavalcanti). Por isso ele já está aparecendo mais nos capítulos que estão indo ao ar. O público exige que ele desempenhe um papel mais humanitário em Asa Branca.

Até o ano que vem, é claro que muitas outras reviravoltas vão acontecer em Asa Branca. A única trajetória completa traçada pelo autor original, Dias Gomes, é a do herói Roque Santeiro. No mais, Aguinaldo Silva pode "inventar" à vontade. Cada capítulo finalizado é apresentado a Dias Gomes que geralmente gosta, segundo Aguinaldo. E os espectadores, que já fizeram á novela alcançar o quase inacreditável índice de 97% nas tabelas do IBOPE, também.

Jornal do Brasil
15/9/1985


Assista os capítulos 88 e 89 exibidos nessa quarta e quinta-feira.

Capítulo 89








Capítulo 88





sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A NOITE MAIS LONGA E MOVIMENTADA DE ASA BRANCA


Para superar a chamada "síndrome do meio da novela", Aguinaldo Silva preparou capítulos movimentadíssimos para essa fase de "Roque Santeiro", envolvendo todos os moradores de Asa Branca, que vivem momentos de pânico, suspense e êxtase. Nessa noite, ninguém vai dormir na cidade, que será palco de todo tipo de acontecimentos imprevisíveis. As cenas, que irão ao ar nos capítulos 86, 87 e 88, foram gravadas em várias etapas, em diversos locais, e contaram com nada menos que 850 figurantes.

Gonzaga Blota teve muito trabalho para comandar a tropa de figurantes contratada para encher a praça de Asa Branca. A maioria se distraía admirando os artistas e pedindo autógrafos, esquecendo as ordens do diretor, que queria todo mundo olhando para cima, curioso para saber o que teria levado Padre Albano a tocar o sino, chamando a multidão, já a altas horas da noite.

Tais cenas foram gravadas terça-feira, na cidade cenográfica, em Guaratiba, para onde os figurantes foram levados às três da tarde. Foram feitas muitas tomadas em que todos gritam, com os braços erguidos: "Milagre! milagre!" Tudo sob o comando de Gonzaga Blota, cuja voz será ouvida pelo telespectador, que por certo pensará tratar-se do mais fervoroso devoto do padroeiro da cidade. A certa altura, Lima Duarte, fora de cena, também deu vivas, incentivando os figurantes, que cumprimentou depois sorrindo:

- Milagre é fazer vocês terem força e disposição para gritar até agora, onze da noite.

Em seguida, todos saudaram o milagreiro Roque e seu pai, o Beato Salu, que surgiu na praça no momento em que o povo aguardava a revelação de Padre Albano. Paulo Gracindo, caracterizado como Padre Hipólito, aguardava sua vez de gravar na porta da igreja. Com uma ironia digna de seu personagem, ele brincou:

- Pede ao contra-regra para tirar a escada por onde o Beato subiu até o pedestal da estátua e manda Roque Santeiro fazer o milagre de seu pai sair lá de cima flutuando.

A seqüência seguinte a ser gravada foi a chegada dos espectadores do filme de Gerson do Vale (Ewerton de Castro), que deixam o cinema apavorados com o princípio de incêndio no cinema. Na praça, Sinhozinho (Lima Duarte), Porcina (Regina Duarte) e o Prefeito Flô (Ary Fontoura) temem pelo pior: a revelação de Albano (Cláudio Cavalcanti). Pensam até em fugir da cidade, mas para alívio dos poderosos da cidade, a intenção do Padre fracassa diante da euforia do povo com o acontecimento de um novo milagre. Como a ordem de gravação não altera a edição dos capítulos, as cenas interiores foram gravadas na quinta-feira pela manhã, num cinema em Botafogo, também com inúmeros figurantes. Ali, mais uma vez, acontece de tudo, desde um acalorado bate-boca entre Porcina e Mocinha (Lucinha Lins), desmaios, e gozações com o Delegado Feijó (Maurício do Valle), que no filme faz o papel do bandido Navalhada.

Em O Globo
22/9/1985

Capítulo 84







Capítulo 85







quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PADRE ALBANO AFIRMA QUE CONTARÁ TODA A VERDADE


Padre Albano (Cláudio Cavalcanti) levou um baita susto, já que quase morreu com o atentado contra Roque (José Wilker). Certo que o alvo era o santeiro e não ele, Albano entende que o melhor a fazer é contar a verdade.

Mesmo diante da recusa do próprio Roque e de Padre Hipólito (Paulo Gracindo) que temem as consequências dessa verdade, o padre vermelho está irredutível.

Depois da fatídica noite, o velho padre vai a Vila Miséria preocupado com o colega. Depois de algum tempo, Albano retorna à sua Igreja e diz ao amigo Roque que pensou muito e que tomou uma decisão Eu cheguei à conclusão de que é preciso fazer alguma coisa. Acabar logo com essa farsa. Contar toda a verdade ao povo de Asa Branca e é exatamente isso que eu vou fazer.

Será que Padre Albano vai ter coragem? Não perca as emoções de Roque Santeiro!

ABC DO SANTEIRO

Cópias Mal Feitas fez grande sucesso na voz de Alceu Valença. Sua composição fez parte da trilha nacional de Roque Santeiro e você pode ouvi-la aqui em Trilha Sonora.

João Ligeiro (Maurício Mattar) não tem onde ficar depois de ter sido expulso da fazenda de Sinhozinho Malta (Lima Duarte). Mas Matilde (Yoná Magalhães) vai sair em sua defesa e oferece um emprego ao rapaz.

Roberto Mathias (Fábio Jr) resolve dar uma trégua à sua briga com Tânia (Lídia Brondi) e coincidentemente, a filha de Sinhozinho também resolve procurá-lo. O casal acaba se reconciliando.

Sexus, a boate de Matilde, finalmente foi inaugurada. Reveja o capítulo 83, exibido nesta quarta-feira, com divertidas apresentações das meninas Rosali e Ninon, com Amparito Hernandez e até a própria Matildade. 





quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A REINAUGURAÇÃO DA BOATE


Matilde (Yoná Magalhães) realmente está contentíssima. Depois de tantos imbróglios, finalmente sua Boate Sexus será inaugurada. 

Se da última vez sabotaram, nesta noite tudo vai dar certo. Exceto para Florindo Abelha (Ary Fontoura) que pensando que Matilde sabe de seu caso no passado com Amparito (Nélia Paula), foi obrigado a ir escondido de Pombina (Heloísa Mafalda). 
Amparito também se apresenta

Mas a primeira dama acorda e dá por falta do marido.

Quem também está em maus lençóis é Padre Albano (Cláudio Cavalcanti). O padre vermelho foi alvejado por Zé das Medalhas (Armando Bógus) que, por sorte, não tem boa mira.

Parece que a noite em Asa Branca será longa.

Não perca em Roque Santeiro!


ABC DO SANTEIRO

Florindo Abelha passou por uma descompostura de sua mulher. Pombinha não leva desaforo pra casa e nem pro quarto. Assim como Pombinha, as mulheres de Asa Branca têm pulso forte. Leia análise brilhante publicada em 1985 sobre o assunto. Em Além de Asa Branca.

João Ligeiro (Maurício Mattar) foi traído pelo amigo Toninho Jiló (Luiz Carlos Barroso) e foi demitido da fazenda. Tudo porque quer ser santo e o fofoqueiro entendeu errado. Reveja as cenas no capítulo 82 exibido nesta terça-feira.





terça-feira, 8 de novembro de 2011

ZÉ DAS MEDALHAS ATINGE PADRE ALBANO PENSANDO SER ROQUE


Já não é segredo para nenhum espectador de Roque Santeiro, que desde que Roque (José Wilker) chegou à Asa Branca, Sinhozinho Malta (Lima Duarte) vem gastando os miolos para descobrir um jeito de se livrar do falso milagreiro.

Por isso, quando ele percebeu o interesse de Lulu (Cássia Kiss) pelo forasteiro, tratou de encher o ouvido de Zé das Medalhas (Armando Bogus) com insinuações e falsas suposições. Mesmo sendo amigo de infância de Roque, Zé fica com uma pulga atrás da orelha, ainda mais quando percebe que se todos descobrirem a verdade sobre Roque seus negócio irão à falência. 

Zé das Medalhas "disfarçado"
Estava formado o cenário ideal para a continuidade dos planos de Sinhozinho: um homem ciumento e ambicioso disposto a tudo para manter suas posses e sua honra. Para melhorar, o coronel descobre que o comerciante era o responsável pela morte de sua preciosa vaquinha Ametista. Chico Malta então dá sua última cartada, afinal só perdoaria o amigo se ele se livrasse de Roque.

Tânia (Lídia Brondi) marca um jantar para o santeiro em sua casa e Sinhozinho, então, exige que Zé cumpra sua obrigação logo depois. Nessa mesma noite, o marido de Lulu vai disfarçado até Vila Miséria e fica escondido observando a igreja. Quando um homem chega, mesmo com a distância, ele não tem dúvida e atira. Mas não era Roque, era o Padre Albano (Cláudio Cavalcanti)! E agora José? 

ABC DO SANTEIRO

As mulheres comandam Asa Branca. E um artigo brilhante publicado no Jornal do Brasil na época da novela poderá ser relido no blog. É só clicar em Além de Asa Branca.

Alguns momentos do capítulo 81 de Roque Santeiro lembraram o filme My Fair Lady. Neste filme, Audrey Hepburn fazia o papel de uma florista que se trasnformava em dama graças a uma aposta. Na primeira tentativa de apresentá-la à sociedade, o professor a leva numa corrida de cavalos. O figurino de Porcina até chega a lembrar, guardadas as devidas proporções, o de Audrey na ocasião. Quem também deu o ar da graça foram Tonico e Tinoco. Reveja o capítulo.







AMPARITO ESTÁ AQUI


Quem assiste todas as noites à reprise de Roque Santeiro no canal Viva está tendo a oportunidade de rever tipos marcantes da teledramaturgia brasileira, sendo defendidos por grandes atores, em ótimos momentos. É o caso do casal Florindo (Ary Fontoura) e Pomba Abelha (Eloísa Mafalda), do ator sedutor Roberto Mathias (Fábio Junior), do comerciante Zé das Medalhas (Armando Bogus), da dançarina Matilde (Yoná Magalhães) e claro, do trio de protagonistas: Roque (José Wilker), Porcina (Regina Duarte) e Sinhozinho Malta (Lima Duarte) que nos brindam em cada capítulo com cenas sensacionais.

Mas uma personagem pra lá de divertida vem animando ainda mais as confusões de Asa Branca. Estou falando de Amparito Torres, a amiga de Sinhozinho que chega à cidade para trabalhar com Matilde. O que pouca gente sabe é que sua intérprete, a atriz Nélia Paula, foi uma das maiores musas do Teatro de Revista na década de 50, ficando conhecida como a dona de um dos mais lindos e famosos pares de pernas do País.

Nélia Faria, que adotou o nome artístico de Nélia Paula, nasceu na Argentina, mas foi ainda pequena para Niterói, no Rio de Janeiro, onde viveu boa parte da sua vida. Desde pequena queria ser atriz e bailarina, por isso, em 1947, depois de ser aprovada num teste para bailarina na companhia de Eva Stachino, vedete chilena radicada no Brasil, foge de casa e muda-se para São Paulo. Depois de um romance frustrado que a fez largar a carreira e se tornar aeromoça, Nélia volta para o Rio de Janeiro, onde acaba sendo contratada como modelo para desfiles de moda e chás-dançantes vespertinos na boate Night and Day. No ano seguinte, passa a ser crooner da boate Casablanca, casa em que Renata Fronzi e Cesar Ladeira montavam os shows Café Concerto. Convidada por eles integra o elenco feminino do Café Concerto nº 1.

Dos shows em boate, passa para o teatro de revista ao integrar o elenco de "Zum! Zum!", estrelado por Dercy Gonçalves. No espetáculo seguinte é convidada para a companhia do comediante Colé para fazer parte da peça "Boca de Siri". Nélia Paula e Colé vivem no início um romance clandestino, já que ele ainda era casado com a vedete Celeste Aída. Em 1951, é eleita Princesa das Vedetes, no tradicional concurso do Baile das Atrizes, ano em Virgínia Lane foi coroada Rainha. Em 1954, torna-se estrela de Walter Pinto, na peça "Eu Quero é me Badalar". No ano seguinte, volta para a companhia de Colé, mas a relação entre eles entra em crise e o casamento termina logo depois das filmagens da chanchada "Eva no Brasil".

Na década de 60 deixa o teatro de revista, após ter sua única filha, e passa para a televisão, onde atua nos programas "Noites Cariocas" e "Praça Onze". Em 1966, volta ao teatro, substituindo Bibi Ferreira em "Hello! Dolly". Durante a década de 70, atua nas peças "Daquilo que Você Gosta"; "Longe Daqui, aqui Mesmo" e "A Gaiola das Loucas", comédia de Jean Poiret, dirigida por João Bittencourt.

Em 1983, faz a novela "Guerra dos Sexos", de Sílvio de Abreu e em 1985 entra em "Roque Santeiro", num papel escrito especialmente para ela por Aguinaldo Silva. Seus últimos trabalhos na televisão foram ao lado de Chico Anysio, na "Escolinha do Professor Raimundo", no início dos anos 90, fazendo os papéis Amparito Pêra e Dona Cora. Em 1994, devido a problemas financeiros, foi morar no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, onde morreu, no dia 8 de setembro de 2002, vítima de infarto.


Por Rafael Delphino Tupinambá